"Bem-vindo 2018" pra quem?!?

Boa noite, humanos e não-humanos!

Na última postagem eu falei um pouco como terminou o meu ano de 2017 e hoje vou falar um pouco sobre esse início de ano, o que justifica a minha ausência nesse período.

Quem leu a postagem anterior deve ter visto que finalizei dizendo que ao perder a Zara eu tinha jurado não pegar mais nenhum cachorro... Pois bem, não foi o que aconteceu.

Eu acompanho o trabalho do Abrigo João Rosa no facebook já faz um tempinho e no final de 2017 (final de Novembro ou início de Dezembro, não lembro) eles fizeram uma campanha de Natal, de apadrinhamento. Vi as fotos de alguns cães que estavam participando e acabei apadrinhando a Chocolate, uma idosinha de 13 anos. Comprei as coisas em uma loja virtual e pedi para entregarem no abrigo. Como o abrigo anunciou um evento chamado "Abrigo de Portas Abertas" decidi conhecer um pouco mais o trabalho deles e fui na tal visita com o mantra em mente: não quero cachorro, não quero cachorro, não quero cachorro... 

Nesse dia do evento estavam fazendo sessão de fotos com alguns cães do abrigo, muito engraçada por sinal...rs Eis que surge de dentro do canil uma modelo plus size de 4 patas, na hora eu pensei "É a minha porca!" (sim, sou louca por porco, e eu ainda hei de ter um), mas lembrei do mantra e me aquietei. 

Enquanto rolava a sessão de fotos fui fazer o tour pelo abrigo, cada história triste... são tantos cães que eles não sabem identificar seus próprios nomes, isso mexeu comigo. Dentre todas as histórias a do Noel foi a que me tocou mais e quase tomei a iniciativa pela adoção (nem contei isso para o meu marido), mas me segurei. Noel era um idosinho de 13 anos que viveu esses anos todos no abrigo com uma companheira, mas esta havia falecido a poucos dias e Noel ficou sozinho, correndo o risco de acabar ficando depressivo pois não aceitava outros cães (lembrei da Zarinha, ela também não aceitava outros cães). Mas, sacudi a cabeça e sai de lá.

Do lado de fora lá longe estava a minha porca esbaforida, longe dos demais, não se aguentando de calor. E lá estava eu e Thiago caminhando até ela. Foi amor a primeira vista entre ela e o Thiago, eu ainda era a "pedra", a "ressentida". Seu nome era Pit, associei logo a cantora e nada mais, era apenas uma SRD extremamente gorda (até então). Uma das voluntárias (Juliana) contou a sua história, Pit era uma menina de 13 anos que viveu todos eles no abrigo, nunca havia sido adotada ou pelo menos chegado perto disso. Eu sabia que na primeira lambida que ela deu no Thiago, ela já havia o vencido. rs

Quando vi, já estávamos programando busca-la no início do ano pq tínhamos uma viagem já programada e como ela não gostava de outros cães (mais uma...rs) eu não tinha como deixa-la na casa dos meus pais, já que lá tem 5 cachorros. E foi o que aconteceu, 2018 chegou e fomos busca-la. Thiago cumpriu com o que prometeu a ela, ele disse ao sair do abrigo: eu volto pra busca-la. E no dia ela lembrou dele, acho que se lembrou da promessa tbm.

Sua estadia em nossas vidas foi bem breve, não resistiu a doença do carrapato, fizemos o que podíamos e o que não podíamos. 

Algumas pessoas não entendem porque adoto cachorro idoso e gostam de me aconselhar a adotar filhotes (como se eu pedisse conselhos, mas enfim...). De certa forma eu entendo, vivemos uma época em que o egoísmo reina. O que eu gostaria que entendessem é que, nunca foi por mim ou para mim, foi sempre pensando nelas - Zara e Pitty. De fato, filhote é a coisa mais linda que existe e sua duração entre nós é maior, sem falar que os gastos são bem menores. Mas, o cão idoso e adotado tem um amor-gratidão que as pessoas que enxergam o próprio umbigo nunca entenderão. 

Vê a real personalidade da Pitty, suas manias, vê-la retornar a ser filhote, reconhecer seu nome, vale cada lágrima que hoje derramo. Foram 13 anos vivendo em um quadrado, sem futuro. Ela também merecia ter vivido muito mais. Nesse breve momento conosco fez tudo o que teve direito: comida de panela, sofá e cama liberados, brinquedos e muito amor.

Quando meu coração estava quase cicatrizado Deus levou outra filha minha, sinto sua perda todos os dias.

Acho que nunca entenderei pq esses animais sofrem tanto e pq quando justamente encontram um lar eles partem. Os que enxergam o copo meio cheio dirão que eles completaram sua missão aqui na Terra e que depois de amarem e serem amados, descansarão. Eu só consigo pensar na grande injustiça que isso tudo significa.

Enfim, vou deixar a lamúria para uma outra postagem...
   











No dia em que você passou mal comecei a rascunhar no papel sobre despedidas e boas-vindas, era mais ou menos assim: 
A minha filha mudou,
não tem mais o cabelo dourado e macio, agora vejo uma imensidão negra e branca que me espetam as mãos.

A minha filha mudou,
Sua meiguice aflorada deu espaço a um corpo estrambelhado e musculoso.

A minha filha mudou,
Ja não a vejo em cada cômodo da casa me seguindo, tornou-se independente.

A minha filha se mudou,
Foi para um lugar de Paz e sem dor. Deu espaço para que outra pudesse viver. Esta, que agora é “Ela”.

 A minha filha partiu,
Mas deixou seu nome na ponta da língua, o nó na garganta ao pronunciá-lo e as lágrimas às escondidas. 

Pouca coisa teve sobre “boas-vindas”, talvez por saber lá no fundo que estávamos iniciando uma caminhada muito bem conhecida por mim, e ainda fresca na memória. Se eu pudesse dar continuidade ao esboço seria mais ou menos assim: 

A minha filha mudou
Mas eu a vejo todas as manhãs nos olhos desta, que hoje vive comigo e em mim.
A minha vida retornou. 

“Tudo tem o seu tempo determinado debaixo dos céus”, não é o que dizem? Acho que perdi o momento pra falar das coisas boas, dei prioridade em viver e gozar da alegria que você me proporcionava. 
Agora, só resta silêncio e saudade.






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